sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"O que Jesus faria?" - Recado aos cristãos


"Vende tudo o que tens, dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e segue-me."


“Porém o moço não estava disposto a sofrer até esse ponto. Se, para seguir o Mestre, era-lhe necessário sofrer assim, deixava de segui-lo, continuando a observar os mandamentos da lei mosaica. Desejaria acompanhar o Salvador, mas não estava preparado para renunciar aos bens materiais.

(...)
É verdade que as igrejas de hoje, as igrejas que trazem o nome de Cristo, se recusariam a segui-lo, se tivessem de passar por renúncias, sofrimentos, sacrifícios e prejuízos? (...) as igrejas são compostas, em sua maior parte, de homens e mulheres mais preocupados com suas próprias comodidades do que com os sofrimentos, necessidades e misérias da humanidade. Até onde isso é verdade? Estarão os cristãos de nosso país prontos a pôr à prova sua fé? E aqueles que possuem grandes fortunas, estarão dispostos a usá-las como Jesus as usaria? E os homens e mulheres abençoados com grandes talentos estarão decididos a consagrá-los à humanidade, como Cristo sem dúvida o faria?


Não acreditam que, se cada um dos cristãos deste país seguisse os passos de Jesus, a sociedade, o comércio e até mesmo nossa política e nosso governo seriam de tal modo transformados que o sofrimento humano seria reduzido ao mínimo? Qual seria o resultado, se todos os membros desta igreja tentassem fazer o que Jesus fez? Não é possível dizer com pormenores qual seria o efeito, mas é fácil afirmar e é verdade, já comprovada, que imediatamente o problema humano começaria a encontrar uma solução mais adequada.


Qual é o padrão da conduta cristã? Não é hoje o mesmo que foi no tempo de Cristo? Ou as circunstâncias atuais já o transformaram? Se Jesus estivesse em nosso meio hoje, Ele não chamaria alguns membros desta igreja para fazer o que ordenou ao jovem rico e não lhes pediria que abandonassem suas riquezas para segui-lo verdadeiramente? Creio que Ele faria exatamente isso, se tivesse certeza de que algum membro da igreja vive mais preocupado com suas riquezas do que com seu Salvador. Portanto, a prova da vocação cristã seria hoje a mesma que foi naquele tempo, porque 'Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre'. Creio que Jesus exigiria, e Ele de fato o exige agora, tanto sacrifício e sofrimento e abnegação de seus discípulos como quando Ele mesmo andava na terra e dizia: 'E qualquer que não tomar a sua cruz, e vier após mim, não pode ser meu discípulo.' Isto é, se alguém não desejar fazer por amor dele, não poderá ser seu discípulo.


Qual seria o resultado se nesta cidade todos os membros das igrejas começassem a fazer o que Jesus faria? Não seria fácil explicar minuciosamente os resultados disso. Mas todos sabem que certas coisas que são praticadas agora pelos membros das igrejas então se tornariam impossíveis. Que faria Jesus com a riqueza? Como faria uso dela? Que princípio regularia sua utilização? Viveria em grande luxo, gastando dez vezes mais em adornos pessoais e divertimentos do que gastaria para aliviar os sofrimentos da humanidade?

(...)
Que faria Jesus pelo grande exército de proletários, de desempregados, de desesperados que enchem as ruas, amaldiçoando as igrejas e comendo um pão amargo, conseguido à força de muito trabalho e dificuldade? Nada faria Jesus por eles? Considerar-se-ia isento de toda responsabilidade na remoção das causas de um tal estado de coisas? Viveria Ele despreocupado, entregue ao seu próprio conforto?


Que faria Jesus no centro de uma civilização de tal modo dominada pela avidez das riquezas, que as jovens empregadas nas grandes casas comerciais não ganham o suficiente para preservar a alma e o corpo, e lutam contra tentações tão terríveis que muitas sucumbem no abismo horrendo da perdição? Que faria Ele em face dessa civilização, cuja indústria sacrifica milhares de crianças, sem se importar com sua educação e sua moralidade, sem dar-lhes um mínimo de afeição? Se Jesus estivesse aqui, nada sentiria, nada diria, nada faria diante de semelhantes absurdos, conhecidos por todos os homens de negócios?


E o que Jesus faria não é o que seus discípulos devem fazer? Ele não lhes ordenou que seguissem seus passos? Quanto é que o Cristianismo de nossos dias está sofrendo por Ele? O Cristianismo de hoje precisa de mais sacrifício pessoal. Cumprem as igrejas seu dever de seguir a Jesus quando dão algum dinheiro para estabelecer missões ou prestar socorros em casos de extrema necessidade? É sacrifício para um homem que possui dez milhões dar dez mil para uma obra de beneficência? Não está ele dando alguma coisa que não lhe custou nenhum sacrifício pessoal? Não é verdade que os discípulos hoje, na maior parte das igrejas, têm uma vida egoísta, fácil, luxuosa, muito longe de qualquer idéia de sacrifício? Que faria Jesus?"O Cristianismo necessita imperiosamente em nossos dias do elemento pessoal.


'O ato de dar alguma coisa pouco ou nada significa; dar-se a si mesmo é tudo.'


O Cristianismo que desconhece a renúncia e o sofrimento não é o Cristianismo de Cristo. É urgente que cada homem cristão dedicado a negócios siga o caminho do sacrifício pessoal. A estrada de hoje é a mesma do tempo de Jesus. O grito deste século ressoa, clamando por verdadeiros discípulos, um Cristianismo novo ou, antes, o mesmo velho Cristianismo apostólico, cujos adeptos deixaram tudo para seguir literalmente o Mestre. Somente um Cristianismo assim será capaz de transformar o egoísmo destruidor destes tempos. Há, em nossos dias, grande número de cristãos apenas nominais. É necessária uma volta urgente ao Cristianismo de Cristo. Temos preguiçosa, egoística e inconscientemente seguido uma espécie de Cristianismo que Cristo não reconheceria. A quantos de nós, quando gritarmos 'Senhor, Senhor!' dirá Ele: 'Nunca vos conheci, apartai-vos de mim'? Estamos prontos a tomar a cruz? Se não estamos, se o nosso Cristianismo consiste apenas no gozo dos privilégios do culto; em ser generoso sem qualquer sacrifício, ter uma vida de conforto cercado de coisas boas e amigos agradáveis, viver rodeado de respeito e, ao mesmo tempo, evitar todo o contato com aqueles que, ao redor de nós, se acham mergulhados no pecado e marcham para a perdição: então, com toda certeza, estamos longe de seguir os passos daquele que sofreu torturas e agonias por amor da humanidade, de tal modo que o suor de sangue escorreu-lhe pela face e que sobre a cruz bradou: 'Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?'


Estamos nós prontos para viver uma vida nova? Estamos prontos para considerar nossa definição do que seja ser cristão? Que é ser cristão? É imitar Jesus. É fazer o que Ele faria. É seguir seus passos."

Trecho retirado do capítulo 31 do livro “Em seus passos o que faria Jesus” de Charles Sheldon.

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